resiliência pedra no caminho

Mãe de autista e a importância da Resiliência

Essa semana o conteúdo do post é uma reflexão, do coração de uma mãe de autista, uma pequena amostra do que muitas famílias passam ao longo da jornada com seus filhos atípicos.

Eu sei que minhas dores e desafios como mãe de autista não são maiores e nem menores que a de outras famílias com crianças dentro do TEA ou outra deficiência, mas elas são as minhas dificuldades e cada vez mais descubro que está dentro de mim a força para superá-las, porém nem sempre ativar essa força é simples e fácil, mas também sei que não é impossível.

Comecei na segunda-feira, durante o tempo que estava na clínica acompanhando as terapias do Emanuel a realizar a busca de artigos sobre terapias, minha intenção é trazer informações sobre os principais tipos de intervenções que existem para o autismo.

Porém tive uma surpresa durante meu planejamento e precisei prorrogar o post (que será concluído na próxima semana, aguarde!).

Durante esse tempo de pesquisa, estava listando mentalmente as terapias que o Emanuel faz e como foi chegar até essa configuração, divagava sobre as inclusões que acontecerem, as idas e vindas, mudanças de locais, enfim, uma longa caminhada de pouco mais de cinco anos.

Então durante esse processo mental apareceu a terapeuta que estava atendendo o Emanuel e me chamou, naquele dia havíamos levado garfo e faca para um treino prático e avaliação das dificuldades nessa atividade, em casa, por mais que a gente ensine o uso dos dois utensílios ao mesmo tempo sempre é um desafio então levei o tema para análise da Terapeuta Ocupacional (TO).

Mas eis que sou surpreendida! Justo na semana que estava buscando informações sobre terapias para trazer aqui  a TO me comunica que analisando o manejo do garfo e faca ela percebeu as dificuldades do meu filho e junto com outra profissional apontaram a necessidade de incluir mais uma terapia na nossa rotina.

Confesso que, por mais que a gente saiba dos benefícios que virão, naquele instante meu sentimento foi igual ao do meu esposo quando contei a situação para ele: “Mais uma? Parece que ao invés de melhorar piora!”.

Foi um pensamento breve, mas incontrolável naquele momento, pois no ano anterior devido a pandemia,  já tínhamos incluído 2 seções de terapias na semana, o que já foi bem difícil, mas agora será uma nova intervenção.

Diante das mudanças, a gente costuma ter essa reação, percebo que poucas pessoas gostam de “mexer no que está quieto” e quando esse novo envolve liberações, busca de terapeuta e conciliação de agenda, a recusa é ainda mais forte.

A importância da resiliência

A grande verdade é que precisamos estar preparados para as mudanças e os novos desafios (não gosto de chamar de problemas) pois eles surgem a todo instante, então trago aqui um conceito que é fundamental em situações como essa.

Ele vêm da física mas já foi incorporado no meio profissional e precisa ir para a vida como um todo, pois é de extrema importância.

Segundo o Dicionário Online de Português, Resiliência pode significar:

  • Propriedade dos corpos que voltam à sua forma original, depois de terem sofrido deformação ou choque
  • [Figurado] Capacidade de quem se adapta às intempéries, às alterações ou aos infortúnios
  • [Figurado] Tendência natural para se recuperar ou superar com facilidade os problemas que aparecem

Construir essa capacidade em nossos dias não é algo simples mas com algumas atitudes podemos desenvolver a resiliência, conforme indica o site Vittude, se buscarmos em nossos dias:

  • ser flexível, nem sempre estamos ou precisamos estar com a razão
  • perguntar o “para que” algo aconteceu ao invés de “por quê?”, sempre podemos tirar lições das situações
  • buscar um hábito que ajude a aliviar a tensão (escrever, pintar, dançar, etc)
  • não se fechar para as pessoas , se conecte com amigos ou familiares, aceitar ajuda da forma como a pessoa pode e não como gostaríamos que ela fizesse

Mesmo quando já nos sentimos esgotados, sem tempo e cheia de coisas à fazer, não podemos negligenciar os cuidados com as crianças, não dá para por a culpa na correria, rotina já lotada e falta de tempo.

Justificar e arrumar desculpas não resolve nada e causa mais dificuldades, ter resiliência nos ajuda a prosseguir.

Não apenas para as crianças com desenvolvimento atípico, como no caso do autismo, mas é necessário estar de olho sempre no desenvolvimento geral das crianças, não comparar uma com a outra, mas sim com o que seria o comportamento esperado para aquela faixa de idade.

Quando temos conhecimento de algo e nos omitimos, provavelmente no futuro vamos ter que arcar com consequências.

Se você não sabe como deveria estar esse desenvolvimento, confira agora os marcos de desenvolvimento relacionados no E-book Aprenda os Sinais, Aja Cedo, disponibilizado gratuitamente pela Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI) e indicado na nossa seção “Características do autismo”.

Apesar do choque inicial, achar que essa nova intervenção não é necessária pode ter resultados negativos no futuro, não apenas para nós pais, mas especialmente para a autonomia e a independência do nosso filho, que é nosso maior sonho.

Quando desenvolvemos a resiliência, situações como a relatada, de certa forma mexem consono (deformação) mas ao analisar coma razão e não com a emoção podemos voltar rapidamente “à forma original” para encontrar soluções e não obstáculos para a situação.

A importância de não desistir

Eu queria muito ter publicado um conteúdo na semana passada, é meu propósito trazer pelo menos 1 texto semanal, pois acredito que assim é possível chegar aqueles que precisam, não mães em inicio de diagnóstico ou aquelas que nem desconfiam de autismo.

Mas na semana anterior realmente não consegui, além do episódio na clínica tive outros compromissos extras que não pude dizer não, então o tempo que sobrou dediquei a estar com o Emanuel, assistimos seus desenhos favoritos, andamos de bicicleta, fomos a missa e estivamos com alguns familiares próximos e amigos.

Um fruto da resiliência é a capacidade de perseverar. Aqui em casa, desistir não é uma opção, mas se desesperar não resolve nada né? Então aceitei que ia ter que mudar os planos, hoje concluo esse post muitos dias depois do esperado.

Ainda não sei quando vai iniciar essa nova terapia mas o post sobre terapias deverá sair em breve, mas já que eu havia começado esse aqui (achando que havia perdido o material do outros) decidi acaba-lo

Saiba que esta é outra forma de construir a resiliência, ter “acabativa” com o que começamos e não ficar acumulando itens iniciados e deixados ao longo do caminho.

Para encerrar a reflexão, uma bela frase do filósofo Mario Sergio Cortella traduz a essência que desse post:

“Faça o teu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores, para fazer melhor ainda”

Seja onde estiver, se a vida apresentar diversas pedras no caminho que você quis trilhar, não desista, reveja os planos, ressignifique os sentimentos ruins e continue sua jornada. Com certeza alguém se inspira em você para continuar a dela!

Um fraterno abraço, compartilhe nos comentários os momentos em que a resiliência foi uma solução na sua vida.

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